terça-feira, 3 de maio de 2016

Cirilo Pinho - Optometrista / Contactologista

Multiópticas

O rastreio de acuidade visual é minucioso


Do trabalho que hoje acompanhou junto da nossa população escolar, que conclusões obteve?
Este rastreio não quantifica valores e apenas qualifica visualmente, isto é, não fornece com a máxima exatidão os números relativos às necessidades optométricas dos alunos. De uma maneira geral, os alunos aqui consultados veem razoavelmente bem. De todos os que rastreámos, 15 poderão precisar de fazer consulta em optometria, o que corresponde a pouco mais de 20%, porque apresentaram valores inferiores aos normais para a idade. Maioritariamente, a população escolar vê bem.

Relativamente aos alunos que manifestaram pequenos distúrbios visuais, quais as causas por si apontadas para que tal suceda?
Os maiores problemas visuais situam-se muito na base da metropia, ou seja, os problemas resultam muito de erros refrativos: a hipermetropia, a miopia e o astigmatismo. Essas são as falhas mais frequentes na população destas idades.

Nesses casos, será que as tecnologias têm a sua influência?
Sim, têm. A acuidade visual está completamente viciada em ecrãs, muitas vezes de dimensão muito reduzida, e os jovens acabam por passar muitas horas em visão próxima, quer seja com computadores, quer com telemóveis, sobretudo, o que sobrecarrega o esforço visual nas tarefas «de perto», causando dificuldades na visão «de longe». Assim, a visão fica estruturada para tarefas de exagerada proximidade e habitua o organismo a fazer aquilo que lhe pedimos. Se um jovem passa muito tempo em tarefas de visão muito próxima, quando olham em frente começam a ter mais dificuldade. Por vezes, basta passar uns dias sem tantas tarefas excessivas, que a visão acaba por melhorar. O facto de estarmos muito expostos às novas tecnologias pode originar erros refrativos.

Os alunos são recetivos às consultas aconselhadas?    
Os alunos com distúrbios visuais verificaram objetivamente as dificuldades, pelo que não saíram com dúvidas a esse nível. Agora, o que pedimos aos alunos e respetivos pais é que tenham o documento que receberam como uma medida de bom aconselhamento técnico, no sentido de marcarem uma consulta de oftalmologia ou optometria.

Há alguma mensagem especial que queira deixar aos jovens estudantes, para melhor protegerem a visão?
O conselho que dou, e agora que vamos entrar no verão, é que devem usar óculos de sol, e sempre que haja uma situação de exposição solar muito intensa. Devem evitar usar o telemóvel muito próximo dos olhos e fazer pausas após cada período de dez minutos. Isto aplica-se aos computadores, já que a exposição muito prolongada aos dispositivos com ecrã é muito prejudicial ao conforto da visão. No fundo, cada pessoa deve comportar-se dentro dos limites de bom-senso, fazendo o que tem a fazer, mas não constantemente. Por fim, nunca devemos descurar a necessidade de descanso, como forma de recuperar o esforço diário dado às tarefas que temos, sem esquecer uma boa alimentação, associada à prática de desporto. A qualidade de vida depende, e muito, destes factores.

Entrevista conduzida por Hélder Ramos
Foto de José Sá

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