Em articulação com a
Biblioteca Escolar, a turma do Curso Profissional de Receção, do 12º ano,
promoveu, no dia 12 de janeiro, mais uma iniciativa integrada no ciclo NARRATIVAS
DE VIDA, tendo André Fernandes como convidado principal.
O tema “A
vida é uma escola” foi o mote para uma palestra dirigida especialmente aos
alunos e ao papel que cada um espera desempenhar no futuro, tendo o escritor
afirmado que o dia de amanhã pode ser o que sonhamos, se nos empenharmos pessoalmente
e dermos o melhor do mais íntimo de nós, pois “nascemos com nome, mas crescemos
com o verbo amar”. Nesse sentido, “partilhar emoções é, talvez, a missão mais
rica de cada ser humano”, abreviou.
Partindo
do exemplo de vida de sua tia na luta contra um cancro, facto que serviu de
inspiração ao livro “Tia Guida”, André Fernandes fez notar que devemos
converter o sofrimento em aprendizagens, como forma de encarar a vida com
gratidão, mesmo nos momentos de maior desânimo. Saber ultrapassar as
dificuldades depende seriamente do amor que damos aos outros, quantas vezes
manifestado na nossa presença real, que é o maior presente que podemos oferecer
aos que mais precisam de nós.
Dirigindo-se aos alunos,
André Fernandes afirmou: “a escola é o lugar onde descobrimos quem somos e onde
podemos transformar a sociedade, partindo do princípio de que é pela
comunicação que ensinamos os outros a gostar de ser quem são, independentemente
dos sucessos ou fracassos”, donde a importância de dar espaço à participação de
cada interveniente no processo, “para que a semente dê fruto”, concluiu.
A palestra
foi concluída com uma sessão de autógrafos e os alunos foram convidados a
enriquecer um mural com curtas mensagens alusivas aos assuntos partilhados.
PROFESSOR JOAQUIM AZEVEDO
DEU SENTIDOS À ESCOLA ATUAL
PROFESSOR JOAQUIM AZEVEDO
DEU SENTIDOS À ESCOLA ATUAL
Após o almoço, coube ao
Professor Doutor Joaquim Azevedo, catedrático da Universidade Católica do
Porto, orientar um debate subordinado ao tema: “Se a vida é uma escola, que
sentido dar à escola atual?”, na presença do convidado da manhã.
Joaquim Azevedo deu início
aos trabalhos, pedindo aos docentes e alunos presentes que dispusessem as
cadeiras em círculo, para informalizar o encontro e orientar as diferentes
perspetivas no mesmo sentido, porquanto ser um assunto que a todos deve
interessar da mesma forma.
Questões associadas aos
preconceitos sociais, à metodologia de projeto, ao excessivo recurso às
tecnologias, à perceção distorcida da função docente e à formação para os
valores, entre outras, foram algumas questões orientadoras do debate, a dada
altura centrado na escassa valorização do ensino profissional.
Referindo ter participado
na criação do Ensino Profissional, Joaquim Azevedo referiu que os seus
princípios fundadores foram adulterados, quando foi implementado nas escolas de
matriz mais liceal, de pendor mais teorizante e de formação mais orientada para
o Ensino Superior. Para contrariar esta tendência, apontou a metodologia por
projetos como mais estimulante e capaz de desenvolver a generalidade das
competências dos alunos, apesar de ainda não haver muita abertura para este
modelo de ensino.
Este parece ser o maior
problema do sistema educativo português, que não propicia diversificadas
oportunidades de sucesso pessoal e profissional, por ser “trituradora de alunos
diferentes”, disse.
A concluir o debate,
Joaquim Azevedo disse que a escola deve estar mais aberta à comunidade e mais
comprometida com os percursos de vida dos alunos, sublinhando que “a escola
deve ter maior intencionalidade na formação para os valores” e, dirigindo-se
especialmente aos alunos, asseverou: “o futuro há de ser o que o coração de
cada um quiser; o futuro precisa de valores”.
Hélder Ramos
Textos e fotos
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