Entrevista conduzida por Hélder Ramos
Recebemos o escritor Tiago Patrício, no dia 13 de novembro, que esteve com os alunos do 10º ano, no Auditório Maria Cecília Oliveira.
Autor de «O Princípio da Noite», editado neste ano, e Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís, em 2011, com o livro «Trás-os-Montes», Tiago Patrício mostrou os caminhos da sua vida pessoal, académica e literária.
Trinca Cevada (TC) – A sua escrita também se afirma como «voz de contraste», conforme a ideia lançada na sessão com os nossos alunos?
Tiago Patrício (TP) – Tem que haver contrastes na própria escrita e não pode ser só «um contra um». Lembro-me muito dos meus primeiros textos serem muito «do contra» e de queixume, o que não é Literatura, mas um treino. A Literatura deve conter já os três momentos, como dizia Vítor Silva Tavares, para quem era preciso haver inferno e paraíso, considerando que havia ainda o purgatório. Há muitos escritores que, quanto mais envelhecem, sentem que não vão conseguir escrever o que tinham para escrever, dado a vida ser curta para dar corpo a tantos sonhos.
TC – Sente que a escrita, como «ofício manual», o absorve totalmente, a ponto de lhe roubar tempo para outros projetos?
TP – Essa questão é muito interessante. Há alturas em que pensamos estar a perder vivências, porque estamos a escrever. Mas quando deixamos de escrever, para ir a uma festa ou simplesmente para sair, achamos que devíamos estar a escrever. Nesse aspeto, o escritor está sempre insatisfeito, o que pode ser perigoso, porque a insatisfação constante gera ressentimento e desequilíbrios. Acerca do lado artesanal da escrita, eu posso dizer: «eu vou escrever um conto» de 3 páginas (já para não falar em romance) com duas personagens adversárias, em que ambas querem a mesma coisa. Posso, portanto, partir deste pressuposto, mas nunca sei como vai acabar; não sei onde o jogo das palavras, que se vai criando, me vai levar.
TC – Essas pequenas incertezas roubam-lhe momentos de produção criativa, ou criam-lhe novos impulsos?
TP – Isso são constrições da própria escrita e faz parte da mesma matéria. Todas as profissões têm que lutar contra os materiais de que dispõem, usando fórmulas e técnicas capazes.
A entrevista completa pode ser lida na próxima edição do Trinca Cevada
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