Cirilo Pinho - Optometrista / Contactologista
Multiópticas
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O rastreio de acuidade visual é minucioso |
Do trabalho que hoje acompanhou junto da nossa população escolar,
que conclusões obteve?
Este rastreio não quantifica valores e
apenas qualifica visualmente, isto é, não fornece com a máxima exatidão os
números relativos às necessidades optométricas dos alunos. De uma maneira
geral, os alunos aqui consultados veem razoavelmente bem. De todos os que
rastreámos, 15 poderão precisar de fazer consulta em optometria, o que
corresponde a pouco mais de 20%, porque apresentaram valores inferiores aos
normais para a idade. Maioritariamente, a população escolar vê bem.
Relativamente aos alunos que manifestaram pequenos distúrbios
visuais, quais as causas por si apontadas para que tal suceda?
Os maiores problemas visuais situam-se
muito na base da metropia, ou seja, os problemas resultam muito de erros
refrativos: a hipermetropia, a miopia e o astigmatismo. Essas são as falhas
mais frequentes na população destas idades.
Nesses casos, será que as tecnologias têm a sua influência?
Sim, têm. A acuidade visual está
completamente viciada em ecrãs, muitas vezes de dimensão muito reduzida, e os
jovens acabam por passar muitas horas em visão próxima, quer seja com
computadores, quer com telemóveis, sobretudo, o que sobrecarrega o esforço
visual nas tarefas «de perto», causando dificuldades na visão «de longe».
Assim, a visão fica estruturada para tarefas de exagerada proximidade e habitua
o organismo a fazer aquilo que lhe pedimos. Se um jovem passa muito tempo em
tarefas de visão muito próxima, quando olham em frente começam a ter mais
dificuldade. Por vezes, basta passar uns dias sem tantas tarefas excessivas,
que a visão acaba por melhorar. O facto de estarmos muito expostos às novas
tecnologias pode originar erros refrativos.
Os alunos são recetivos às consultas aconselhadas?
Os alunos com distúrbios visuais
verificaram objetivamente as dificuldades, pelo que não saíram com dúvidas a
esse nível. Agora, o que pedimos aos alunos e respetivos pais é que tenham o
documento que receberam como uma medida de bom aconselhamento técnico, no
sentido de marcarem uma consulta de oftalmologia ou optometria.
Há alguma mensagem especial que queira deixar aos jovens
estudantes, para melhor protegerem a visão?
O conselho que dou, e agora que vamos
entrar no verão, é que devem usar óculos de sol, e sempre que haja uma situação
de exposição solar muito intensa. Devem evitar usar o telemóvel muito próximo
dos olhos e fazer pausas após cada período de dez minutos. Isto aplica-se aos
computadores, já que a exposição muito prolongada aos dispositivos com ecrã é
muito prejudicial ao conforto da visão. No fundo, cada pessoa deve comportar-se
dentro dos limites de bom-senso, fazendo o que tem a fazer, mas não constantemente.
Por fim, nunca devemos descurar a necessidade de descanso, como forma de
recuperar o esforço diário dado às tarefas que temos, sem esquecer uma boa
alimentação, associada à prática de desporto. A qualidade de vida depende, e
muito, destes factores.
Entrevista conduzida por Hélder Ramos
Foto de José Sá